ABIDJAN (AFP) - O presidente marfinense, Laurent Gbagbo, foi detido nesta segunda-feira, após uma grande ofensiva das forças do rival Alassane Ouattara, apoiadas por meios aéreos e blindados das forças francesas e da missão da ONU (Onuci).
"Laurent Gbagbo foi detido pelas forças republicanas da Costa do Marfim (FRCI, pró-Ouattara) e levado ao Golf Hotel", que serve de quartel-general de Ouattara, declarou à AFP o embaixador da França, Jean-Marc Simon.
O canal de televisão comandado por Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como presidente do país desde a eleição de novembro, exibiu imagens de Gbagbo, visivelmente cansado após a detenção.
Gbagbo, no poder desde 2000, estava com a esposa Simone, considerada uma figura da linha dura do regime, e do filho Michel, de um primeiro casamento, informou Anne Ouloto, porta-voz de Ouattara.
"O pesadelo terminou para os marfinenses", declarou Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara, ao confirmar a detenção do casal presidencial.
Soro também convidou as forças leais a Gbagbo a aderir ao novo chefe de Estado, em um discurso exibido na televisão.
"O presidente está vivo e bem e será levado à justiça", declarou o embaixador da Costa do Marfim na ONU, Youssoufou Bamba.
A detenção, que aconteceu no 12º dia da batalha de Abidjan, aconteceu após uma nova campanha de bombardeios da França e da ONUCI contra a residência em que Gbagbo estava entrincheirado - em meio ao armamento pesado usado pelos partidários do agora ex-presidente -, de acordo com a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU.
Gbagbo não reconheceu a derrota nas urnas para Ouattara em novembro, apesar da eleição ter sido aprovada pela comunidade internacional, e se recusava a deixar o poder após quatro meses de violenta crise pós-eleitoral.
De domingo até a madrugada desta segunda-feira, a missão da ONU e as forças francesas dispararam mísseis contra a residência de Gbagbo e contra o palácio presidencial.
Paris e a ONU sempre insistiram que sua missão não era derrubar Laurent Gbagbo.
Uma fonte diplomática francesa insistiu, pouco depois do anúncio da detenção, que Gbagbo foi preso pelas tropas de Ouattara, sem participação das forças especiais francesas, que não entraram na residência.
Mais cedo, aliados de Gbagbo acusaram a França - antiga potência colonial - de querer "assassinar" o presidente.
Depois da detenção de Gbabgo, o presidente francês Nicolas Sarkozy manteve uma longa conversa telefônica com Alassane Ouattara, segundo o Palácio do Eliseu, que não revelou detalhes da conversa.
Horas antes, as forças de Gbagbo enfrentaram as de Ouattara em Abidjan em combates com armas pesadas no bairro da residência do ex-presidente, um bastião que até então resistia após vários dias de confrontos.
Charles Ble Goude, líder dos jovens partidários de Gbagbo, havia anunciado que a residência do presidente ficara parcialmente destruída após os últimos bombardeios das forças da ONU e da França.
A ONU explicou que tentava "neutralizar o armamento pesado" do campo de Gbagbo para proteger os civis.
A França informou ter atuado a pedido da ONU.
Os combates dos últimos dias deixaram Abidjan, capital econômica de quatro milhões de habitantes, à beira de uma catástrofe humanitária.
FONTE: http://veja.abril.com.br/agencias/afp/veja-afp/detail/2011-04-11-1856801.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário